quarta-feira, 28 de abril de 2010

Máfia Siciliana.


[Imagem relativa ao filme 'O Padrinho', um dos mais conhecidos retratos da Máfica.]

A Máfia é uma sociedade secreta à qual estão associadas um conjunto de características mais ou menos conhecidas do senso comum. No entanto, nenhuma poderá ser confirmada pois não há registos que o façam. Pensa-se que as relações negociais entre a ‘organização’ e outras entidades e os contractos que daí resultam assentam em acordos verbais.

O termo ‘organização’ aparece entre aspas pois não há acordo acerca da definição da Máfia como uma organização. Dependendo dos autores, as definições de organização são variáveis e, como tal, dependendo das interpretações, a Máfia poderá ser ou não uma organização. Segundo Peter Robb, o desaparecimento de fundos europeus ou a morte de milhares, visando o alcance dos objectivos organizacionais (fazer dinheiro), ou o facto de existirem indicadores como o processamento, compra, fornecimento, margens de lucro e impacto socio-económico são algumas das provas que confirmam a dimensão organizacional da Máfia. Pelo contrário, o facto de esta não ter logotipo, declarações de missão ou lançamentos públicos – publicidade é uma actividade sub-desenvolvida - contrariam esta definição. Não obstante, o fluxo da agência e o seu lugar no espaço e no tempo parecem tão extensos e intensos, que o mesmo parece impossível sem uma estrutura organizacional que o permitisse.

Aos elementos da Máfia é atribuído o conceito “Homens de Honra”, na medida em que estes serão conhecidos por seguir um conjunto de regras subentendidas, valorizando a palavra dada.

Outra característica muito importante é a a hierarquização da organização. Conseguimos identificar elementos como o chefe, também conhecido como “dom” (no topo da cadeia hierárquica, as decisões mais importantes são tomadas por ele e o dinheiro obtido pela família é gerido pelo mesmo.), o sub-chefe ou capos (imediatamente a seguir ao sub-chefe), cujo número depende da dimensão do grupo. Finalmente, no nível mais baixo, surgem os soldados. São estes os responsáveis pelo “trabalho sujo”. Tal como os capos, o seu número é variável e depende da dimensão da família a que pertencem.

Resta mencionar duas posições que deixei para último pelo facto de não fazerem parte da família, directamente: os associados e os consiglieri. Os primeiros, que podem ser advogados, traficantes, políticos, colaboram em trabalhos eventuais dependendo da sua utilidade. Os segundos serão escolhidos pelos elementos da família e não pelo chefe, para darem opiniões imparciais, embora se pense que não seja sempre isso que acontece.

O discurso é um recurso primário de qualquer organização, sendo-o também da Máfia. Termos como “La Cosa Nostra” (que designa a própria máfia), “Homem-feito” (homem que foi oficialmente iniciado na família mafiosa), “Omerta” (lei do silêncio) ou “filata” (que quer dizer enganada) fazem parte da gíria mafiosa.

Só podem fazer parte da máfia homens de ascendência italiana. Em alguns casos, têm que ter pai e mãe italianos, noutros é suficiente que tenham pai italiano. Têm, ainda, que se sentir confortáveis com a ideia de cometer actos de violência.

O “Homem feito” deve colocar a Máfia acima de Deus e da família biológica.

Recentemente, a polícia italiana descobriu que, a exemplo da igreja católica, a máfia siciliana redigiu uma lista com dez regras que devem ser seguidas pelos elementos da organização, à imagem dos dez mandamentos.

Finalmente, fazendo referência a características mais superficiais e imediatamente observáveis, os mafiosos vestem roupas elegantes, fumam charutos cubanos, bebem vinho tinto e comem bem. O chefe de um clã deve ser discreto, não podendo aparentar pertencer à organização criminosa, nas actividades quotidianas, ou revelar o seu status a outros que não os companheiros a quem tenha sido previamente apresentado ritualmente. Geralmente, limita-se a ter contactos com a alta hierarquia, expondo-se o menos possível aos militantes da base. Deve viver sem ostentação.

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